Dificuldade de aprendizagem
A aprendizagem e a construção do conhecimento são
processos naturais e espontâneos do ser humano que desde muito cedo aprende a
mamar, falar, andar, pensar, garantindo assim, a sua sobrevivência. Com
aproximadamente três anos, as crianças são capazes de construir as primeiras
hipóteses e já começam a questionar sobre a existência.
A aprendizagem escolar também é considerada um
processo natural, que resulta de uma complexa atividade mental, na qual o
pensamento, a percepção, as emoções, a memória, a motricidade e os
conhecimentos prévios estão envolvidos e onde a criança deva sentir o prazer em
aprender.
O estudo do processo de aprendizagem humana e suas
dificuldades são desenvolvidos pela Psicopedagogia, levando-se em consideração
as realidades interna e externa, utilizando-se de vários campos do
conhecimento, integrando-os e sintetizando-os. Procurando compreender de forma
global e integrada os processos cognitivos, emocionais, orgânicos, familiares,
sociais e pedagógicos que determinam à condição do sujeito e interferem no
processo de aprendizagem, possibilitando situações que resgatem a aprendizagem
em sua totalidade de maneira prazerosa.
Segundo Maria Lúcia Weiss, “a aprendizagem normal
dá-se de forma integrada no aluno (aprendente), no seu pensar, sentir, falar e
agir. Quando começam a aparecer “dissociações de campo” e sabe-se que o sujeito
não tem danos orgânicos, pode-se pensar que estão se instalando dificuldades na
aprendizagem: algo vai mal no pensar, na sua expressão, no agir sobre o mundo”.
Atualmente, a política educacional prioriza a
educação para todos e a inclusão de alunos que, há pouco tempo, eram excluídos
do sistema escolar, por portarem deficiências físicas ou cognitivas; porém, um
grande número de alunos (crianças e adolescentes), que ao longo do tempo
apresentaram dificuldades de aprendizagem e que estavam fadados ao fracasso
escolar pôde freqüentar as escolas e eram rotulados em geral, como alunos
difíceis.
Os alunos difíceis que apresentavam dificuldades de
aprendizagem, mas que não tinha origens em quadros neurológicos, numa linguagem
psicanalítica, não estruturam uma psicose ou neurose grave, que não podiam ser
considerados portadores de deficiência mental, oscilavam na conduta e no humor
e até dificuldades nos processos simbólicos, que dificultam a organização do
pensamento, que consequentemente interferem na alfabetização e no aprendizado
dos processos lógico-matemáticos, demonstram potencial cognitivo, podendo ser
resgatados na sua aprendizagem.
Raramente as dificuldades de aprendizagem têm
origens apenas cognitivas. Atribuir ao próprio aluno o seu fracasso,
considerando que haja algum comprometimento no seu desenvolvimento psicomotor,
cognitivo, lingüístico ou emocional (conversa muito, é lento, não faz a lição
de casa, não tem assimilação, entre outros.), desestruturação familiar, sem
considerar, as condições de aprendizagem que a escola oferece a este aluno e os
outros fatores intra-escolares que favorecem a não aprendizagem.
As dificuldades de aprendizagem na escola podem ser
consideradas uma das causas que podem conduzir o aluno ao fracasso escolar. Não
podemos desconsiderar que o fracasso do aluno também pode ser entendido como um
fracasso da escola por não saber lidar com a diversidade dos seus alunos. É
preciso que o professor atente para as diferentes formas de ensinar, pois, há
muitas maneiras de aprender. O professor deve ter consciência da importância de
criar vínculos com os seus alunos através das atividades cotidianas, construindo
e reconstruindo sempre novos vínculos, mais fortes e positivos.
O aluno, ao perceber que apresenta dificuldades em
sua aprendizagem, muitas vezes começa a apresentar desinteresse, desatenção,
irresponsabilidade, agressividade, etc. A dificuldade acarreta sofrimentos e
nenhum aluno apresenta baixo rendimento por vontade própria.
Durante muitos anos os alunos foram penalizados,
responsabilizados pelo fracasso, sofriam punições e críticas, mas, com o avanço
da ciência, hoje não podemos nos limitar a acreditar, que as dificuldades de
aprendizagem, seja uma questão de vontade do aluno ou do professor, é uma
questão muito mais complexa, onde vários fatores podem interferir na vida
escolar, tais como os problemas de relacionamento professor-aluno, as questões
de metodologia de ensino e os conteúdos escolares.
Se a dificuldade fosse apenas originada pelo aluno,
por danos orgânicos ou somente da sua inteligência, para solucioná-lo não
teríamos a necessidade de acionarmos a família, e se o problema estivesse
apenas relacionado ao ambiente familiar, não haveria necessidade de recorremos
ao aluno isoladamente.
A relação professor/aluno torna o aluno capaz ou
incapaz. Se o professor tratá-lo como incapaz, não será bem sucedido, não
permitirá a sua aprendizagem e o seu desenvolvimento. Se o professor mostrar-se
despreparado para lidar com o problema apresentado, mais chances terá de
transferir suas dificuldades para o aluno.
Os primeiros ensinantes são os pais, com eles
aprendem-se as primeiras interações e ao longo do desenvolvimento, aperfeiçoa.
Estas relações, já estão constituídas na criança, ao chegar à escola, que
influenciará consideravelmente no poder de produção deste sujeito. É preciso
uma dinâmica familiar saudável, uma relação positiva de cooperação, de alegria
e motivação.
Torna-se necessário orientar aluno, família e
professor, para que juntos, possam buscar orientações para lidar com
alunos/filhos, que apresentam dificuldades e/ou que fogem ao padrão, buscando a
intervenção de um profissional especializado. Dicas para os pais:
- Estabelecer uma relação de confiança e colaboração com a escola;
- Escute mais e fale menos;
- Informe aos professores sobre os progressos feitos em casa em áreas de interesse mútuo;
- Estabelecer horários para estudar e realizar as tarefas de casa;
- Sirva de exemplo, mostre seu interesse e entusiasmo pelos estudos;
- Desenvolver estratégias de modelação, por exemplo, existe um problema para ser solucionado, pense em voz alta;
- Aprenda com eles ao invés de só querer ensinar;
- Valorize sempre o que o seu filho faz, mesmo que não tenha feito o que você pediu;
- Disponibilizar materiais para auxiliar na aprendizagem;
- É preciso conversar, informar e discutir com o seu filho sobre quaisquer observações e comentários emitidos sobre ele.
Cada pessoa é uma. Uma vida é uma história de vida.
É preciso saber o aluno que se tem, como ele aprende. Se ele construiu uma
coisa, não pode-se destruí-la. O psicopedagogo ajuda a promover mudanças,
intervindo diante das dificuldades que a escola nos coloca, trabalhando com os
equilíbrios/desequilíbrios e resgatando o desejo de aprender.
Fonte: http://www.escolamarisa.com.br/noticias/dificuldade-de-aprendizagem